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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Malcon X - Por qualquer meio necessário

Aos 20 anos já estava na prisão, condenado por assalto com arrombamento. Depois foi o tempo da droga, do álcool, do jogo, da prostituição... uma vida idêntica às de muitos outros homens da sua idade, da sua condição, com o seu tom de pele. Até que um dia...

... quando a sua mãe ainda o trazia na barriga, contará mais tarde, um bando de homens do Ku Klux Klan a cavalo atacou durante a noite a quinta isolada onde vivia a família. Era o seu pai que eles queriam. Pastor baptista, era um fervoroso divulgador das ideias de Marcus Garvey, cuja utopia era o retorno dos negros da América ao continente africano. Nessa noite o pai não estava lá, mas os cavaleiros do Apocalipse branco voltarão alguns anos mais tarde para queimarem a casa. E, em 1931, acabarão mesmo por abater o pastor.
... Malcolm Little era o sétimo filho do casal.

... nascera com a pele um tudo nada clara, marca do rapto distante da sua avó por um branco.

... depois da morte do pai, a mãe acaba por ser internada num asilo para loucos, mas Malcolm consegue sobreviver a esta conjugação de desgraças tornando-se como que um estudante-modelo.

africano. Nessa noite o pai não estava lá, mas os cavaleiros do Apocalipse branco voltarão alguns anos mais tarde para queimarem a casa. E, em 1931, acabarão mesmo por abater o pastor.

... Malcolm Little era o sétimo filho do casal.

... nascera com a pele um tudo nada clara, marca do rapto distante da sua avó por um branco.
... depois da morte do pai, a mãe acaba por ser internada num asilo para loucos, mas Malcolm consegue sobreviver a esta conjugação de desgraças tornando-se como que um estudante-modelo.

... para a comunidade branca de Lansing (Michigan), localidade onde crescerá numa espécie de casa de correcção, tornar-se-á mesmo o protótipo de um "bom negro", um exemplo que a "boa sociedade" não poderia deixar de destacar: provindo de uma família marginalizada, criança instável, rejeitada por muitos, conseguiria ainda assim preparar-se para encontrar um rumo para a sua vida, graças, claro, ao auxílio dos brancos.

... Malcolm Little, adolescente, torna-se assim um "negro branco", um desses "pai Tomás" que ele próprio repudiará mais tarde. Desfrisa os cabelos, prefere as mulheres de raça branca, tenta imitar o americano médio sob todos os aspectos. Todavia, cedo acabará por se aperceber de que não será nunca um branco: mesmo que o seu comportamento agrade aos brancos, ele nunca verá o seu trabalho pago como o de um branco e jamais terá o lugar social deste. E tal como muitos daqueles a quem o american way of life seduziu sem lhe dar meios para nele sobreviver, Malcoim Little começaria a contornar as dificuldades pela via da marginalidade. Torna-se assim uma espécie de "bandido amador", desenvolvendo actividades que o levarão à prisão nos inícios de 1946.

.. permanecerá aí sete anos.

... foi aí, em 1948, que se converteu ao Islão e que, em 1952, aderiu à Nação do Islão, os Black Muslims, de Elijah Muhammad, organização da qual se iria rapidamente tornar o principal porta-voz. Escolheria então o pseudónimo de Malcolm X, para sublinhar o facto de o negro para o branco não ser nada, não ser senão um X, uma pequena cruz. Em 63, porém, romperá com os Black Muslims e começará a preparar a fundação daquela que virá a ser algum tempo depois a Organização de Unidade Afro-Americana.


"By any means necessary" ("por todos os meios necessários"): para lá de uma frase que se tornaria como que o emblema de Malcolm X, as palavras sintetizam uma filosofia da acção que será também um humanismo no sentido mais forte do termo, uma ética revolucionária que coloca o homem no centro. Malcolm X tenta conciliar uma leitura dialéctica da história com o Islão, a fraternidade com a violência. Ao longo dos últimos meses da sua vida, começou também a aperceber-se da necessidade política de uma aproximação dos negros com os brancos anti-racistas. As suas concepções encontram-se, pois, ligadas à ideia de uma legítima defesa à qual se encontram forçados os afro-americanos: "Nós não somos contra ninguém pelo facto dessa pessoa ser branca. Mas somos contra todos aqueles que praticam o racismo. [...] Nós não somos pela violência. Somos pela paz. Todavia, as pessoas que combatemos empregam a violência. E não se pede ser pacífico diante dessa gente". Um dos "meios necessários" que ele tem em mente é de facto a violência: "Se for preciso organizar um exército da nação negra, nós organizaremos um exército da nação negra. Actuaremos pelo voto ou à bala. Será a liberdade ou a morte".

... no último discurso, pronunciado cinco dias antes do seu assassinato no Audubon Center de New York, Malcolm X afirmaria: "Eu acredito na fraternidade humana. Porém, [...] tenho de ser realista e compreender que aqui, nos Estados Unidos,, encontramo-nos numa sociedade que não pratica a fraternidade. Que não pratica aquilo que prega". No mesmo discurso, atacaria também outras organizações afro-americanas. Para ele, Martin Luther King ter-se-ia tornado uma figura aceitável para muitos brancos precisamente porque se opunha aos sectores negros mais radicais. Fustigaria a ineficácia do movimento pelos direitos cívicos chefiado pelo reverendo King: assim, no Alabama, e apesar da lei adoptada em Julho de 64, os negros continuavam sem poder votar. Seria que o governo federal não tinha força para impor a lei que aprovara? Malcolm X afirmará então: "esta lei não é senão um truque miserável, dado que eles continuam a rir-se de nós ano após ano". Mais do que mendigar algumas leis, pensa então em criar um poder negro. A necessidade, para vencer, de opor um poder negro ao poder branco.
... quando, em 1966, Huey Newton e Bobby Seale fundarem os Black Panthers, reivindicarão assim, como património teórico, e ao mesmo tempo que os escritos de Frantz Fanon, os discursos de Malcolm X. Os Black Panthers seriam aliás um movimento "nacionalista revolucionário" – tal como se autodefinia – fundado na mesma linha da autodefesa armada pela qual pugnara Malcolm X.

... o seu assassinato, e depois o de Martin Luther King e de numerosos militantes dos Black Panthers, empurrariam o movimento afro-americano para uma espécie de espiral de despolitização. A comunidade negra ver-se-ia assim diante de uma tentativa, não tanto de a eliminar – os negros são muito úteis porque ocupam um grande número de empregos sub-remunerados... –, mas simplesmente de a controlar, aterrorizando-a e sugerindo-lhe outras vias de "contestação" que não a política. A introdução massiva da droga entre a juventude negra, a exaltação fanática do islão como valor pseudo-africano – o grupo radical The Last Poets declararia mesmo, em 1993, que "o islão é a religião da África desde há milénios" (sic) – ou as perspectivas simplicistas e racistas de certos membros da comunidade são as marcas de uma determinada regressão. Um filme como o de Spike Lee (Malcolm X, 1992), apesar de uma visão algo maniqueísta dos factos que apresenta, ilustra porém a actualidade deste grande revolucionário negro. Mais significativamente ainda, novos militantes tentam retomar uma perspectiva política e revolucionária da libertação dos afro-americanos, como é o caso de Mumia Abu Jamal. É sem dúvida por isso – não existe outro motivo claro – que este é mantido, desde à largos anos, nos corredores da morte de uma prisão dos Estados Unidos.

... porque permanece a força subversiva destas palavras: "By any means necessary".

Texto extraído do Blog: http://ogindungo.blogspot.com/2008/02/malcolm-x.html
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Discurso de Malcon X - Por qualquer meio necessário... parte 1 e abaixo parte 2....





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Um comentário:

Anônimo disse...

Os vídeos não estão mais linkados!
Eduardo Rosa