Essa é a 3ª Parte da Reportagem Especial feita por Luiz Sávio de Almeida com o Will sobre questões do Hip-Hop e tal... Essa 3ª parte é a fala do Will na íntegra, que está em "O Jornal" de domingo, dia 30/08/09...
Vejam um pedaço da entrevista logo abaixo...
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Só quando de repente aparece um showzinho, a gente se reúne para ensaiar. Ela não acabou, ela está só dando tempo. Como não tem muito show, aí não adianta ficar ensaiando, ensaiando. Sem patrocínio, sem lugar para tocar, a gente resolveu dar um tempo. Dá para unir os dois: rock e hip-hop. Até mesmo, um integrante com quem faço meu rap é baterista da Bizoru Moderno.
Consequentemente, se tivesse os dois shows no mesmo dia, a gente dava um jeitinho: reduzia o repertório e dava um jeitinho para tocar. No Bizoru eu cantava também; no rock as composições são mais minhas.
A rima. É a poesia periférica, das ruas. Poesia periférica é uma literatura marginal que você vê nas ruas; são as gírias. Uma poesia periférica junta palavras, argumentos. No Benedito Bentes o movimento hip-hop não começou comigo não; nem sei se sou um pioneiro. A gente tinha a nossa banda de rock e consequentemente tinha uma rapaziada que se reunia no Salvador Lira, no Posse, no P.A.P: Posse Atitude Periférica, na qual se reunia o pessoal desse grupo. Lá dançava break, fazia umas rimas, fazia grafite e tinha também o DJ, formando os quatro elementos do rap. Aí, a gente começou a colar, e como ficou grande e o acesso de lá a gente tinha que pegar ônibus ou ir de bicicleta. Era muito gasto e aí uma rapaziada resolveu fazer um grupozinho de dança lá no Benedito Bentes e eu com as minhas rimas. Eu comecei nesse movimento, tinha uns 19 anos. Tenho seis anos desse movimento do rap.
O meu tema principal é regras são feitas prá quebrar, sistema de condução do Benedito Bentes; skate é um dos meus principais assuntos, política também é um assunto muito amplo. Eu não sou um MC punk, mas sou quase; gosto bastante de criticar, mas também gosto de dar opinião. O punk vai mais direto, critica mais. Fala mais grosso: é isso e aquilo! E dane-se! O rap não: ele fala mais das ruas, fala mais do street, fala-se mais do pessoal do skate. Une-se a poesia com os argumentos. A primeira música que eu fiz, eu me lembro; foi minha porta de entrada lá no Posse. Papo de skate, que vai estar na minha demo lá para o fim do ano.
Para começar a rima é fácil. Acontece um caso, eu tenho que falar desse caso. Eu li um livro, o Falcão Meninos do Tráfico. Eu vi lá a violência muito forte; eu resolvi usar o livro e resolvi colocar na minha rima, ritmologia. Mas para terminar? Eu acho que uma música nunca está terminada. A gente sempre fica dizendo: `eu posso melhorar esta rima aqui`. Gravei, mas isto não quer dizer nada; pode ser que eu mude alguma coisa, cantando no show e etcétera e tal. Às vezes eu tenho uma idéia e anoto; às vezes eu tenho um sonho, acordo, ligo a luz e escrevo no papel e no outro dia já começo a formular as letras, com a rima e vou sempre nesse sentido de fazer rima. Mesmo se for rock, eu estou sempre rimando.
A demo ia ser um disquinho de demonstração com seis músicas, mas eram tantas que a gente não queria deixar de fora, que vai ser com onze músicas. A gente está gravando no momento lá no QG dos Manos junto com PH, lá no Vergel. É um estúdio comercial, agora só se envolve com rap; só faz para o rap. O dono é o PH, Guerreiro da Sul. A gente se comunica mais pelo vulgo, pelo apelido mesmo. Geralmente se tem um, mas não digo que é uma regra. No skate mesmo, a galera gosta muito de botar apelido. Aí a gente se comunica mais pelo vulgo, começa a tirar uma onda. Existe uma ligação muito forte entre o rap e o skate. Eu comecei no rock e depois andei de skate e foi aí que eu conheci o rap através do skate, pois a rapaziada do skate curte bastante reage e rock, rap.
Um grupo em que todos são do Benedito Bentes é o ASU (somos eu e o Alan). Em outros grupos tem integrantes que moram aqui. O Ronaldo (vulgo Du Contra) que é do Luiz Pedro faz parte do Xeque Mate Popular e que também se apresenta como XMP. O Sulista é do Ação Real. Geralmente eu me comunico mais com o Du Contra: ele tem um ideal parecido com o meu; não é muito parecido, mas eu me reúno muito com ele; a gente está até na introdução de um cedezinho: Xeque Mate e ASU. O hip-hop lá no Benedito Bentes não é forte não.
Vejam um pedaço da entrevista logo abaixo...
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Meu nome e Iwldson Guilherme – vulgo Will Grind - e sou conhecido por ser MC do grupo Anônimos da Sociedade Undergound. No momento, eu estou fazendo licenciatura em Matemática na Ufal e com uma bolsa de estudos, com a qual exerço a profissão de professor de Matemática para as Olimpíadas da disciplina. Sou estudante e trabalhador. O meu grupo é o ASU: Anônimos da Sociedade Undergound. Anônimos. Eu não consegui achar um nome para o grupo e coloquei Anônimos. Como a gente é uma rapaziada underground que faz as suas próprias correrias, seus trampos - uns se sustentam vendendo camisas -, então, resolvi colocar Anônimos da Sociedade Underground.
Undergound é uma pessoa que se sustenta, não precisa estar trabalhando de carteira assinada, trabalhando para uns e outros. É um cara que faz suas correrias, que vende umas peças. Por exemplo, tem um colega meu que se sustenta vendendo peças de skate. Tem o patrocínio de uma loja, mas só que o rendimento dele é vendendo uma peça de skate aqui, compra um shape mais ou menos e já vende num preço maior que é para garantir o dinheiro. Isso aí, eu acho que é uma pessoa underground.
Eu decidi montar esta banda por que sempre curti muito o rock e rap. Aí, eu andando com meus amigos de skate, pegávamos um violão e depois de um rolé de skate a gente começava a levar um som e eu comecei a levar umas rimas. Aí, eu resolvi formar uma banda de rock. A banda de rock chamava-se Anônimos da Sociedade Undergound, mas como os outros integrantes não gostavam muito bem desse nome, aí resolveram colocar Bizoru Moderno. Por um tempo ela deu certo, mas não tem muito show, a gente não tinha retorno, a gente gastava muito com instrumentos musicais, ensaios nos estúdios e aí a banda está dando um tempo. Mas a gente já fez uns shows importantes. A banda não continua tão unida assim: uns estudam, outros trabalham.
Undergound é uma pessoa que se sustenta, não precisa estar trabalhando de carteira assinada, trabalhando para uns e outros. É um cara que faz suas correrias, que vende umas peças. Por exemplo, tem um colega meu que se sustenta vendendo peças de skate. Tem o patrocínio de uma loja, mas só que o rendimento dele é vendendo uma peça de skate aqui, compra um shape mais ou menos e já vende num preço maior que é para garantir o dinheiro. Isso aí, eu acho que é uma pessoa underground.
Eu decidi montar esta banda por que sempre curti muito o rock e rap. Aí, eu andando com meus amigos de skate, pegávamos um violão e depois de um rolé de skate a gente começava a levar um som e eu comecei a levar umas rimas. Aí, eu resolvi formar uma banda de rock. A banda de rock chamava-se Anônimos da Sociedade Undergound, mas como os outros integrantes não gostavam muito bem desse nome, aí resolveram colocar Bizoru Moderno. Por um tempo ela deu certo, mas não tem muito show, a gente não tinha retorno, a gente gastava muito com instrumentos musicais, ensaios nos estúdios e aí a banda está dando um tempo. Mas a gente já fez uns shows importantes. A banda não continua tão unida assim: uns estudam, outros trabalham.
Só quando de repente aparece um showzinho, a gente se reúne para ensaiar. Ela não acabou, ela está só dando tempo. Como não tem muito show, aí não adianta ficar ensaiando, ensaiando. Sem patrocínio, sem lugar para tocar, a gente resolveu dar um tempo. Dá para unir os dois: rock e hip-hop. Até mesmo, um integrante com quem faço meu rap é baterista da Bizoru Moderno.
Consequentemente, se tivesse os dois shows no mesmo dia, a gente dava um jeitinho: reduzia o repertório e dava um jeitinho para tocar. No Bizoru eu cantava também; no rock as composições são mais minhas.
A rima. É a poesia periférica, das ruas. Poesia periférica é uma literatura marginal que você vê nas ruas; são as gírias. Uma poesia periférica junta palavras, argumentos. No Benedito Bentes o movimento hip-hop não começou comigo não; nem sei se sou um pioneiro. A gente tinha a nossa banda de rock e consequentemente tinha uma rapaziada que se reunia no Salvador Lira, no Posse, no P.A.P: Posse Atitude Periférica, na qual se reunia o pessoal desse grupo. Lá dançava break, fazia umas rimas, fazia grafite e tinha também o DJ, formando os quatro elementos do rap. Aí, a gente começou a colar, e como ficou grande e o acesso de lá a gente tinha que pegar ônibus ou ir de bicicleta. Era muito gasto e aí uma rapaziada resolveu fazer um grupozinho de dança lá no Benedito Bentes e eu com as minhas rimas. Eu comecei nesse movimento, tinha uns 19 anos. Tenho seis anos desse movimento do rap.
O meu tema principal é regras são feitas prá quebrar, sistema de condução do Benedito Bentes; skate é um dos meus principais assuntos, política também é um assunto muito amplo. Eu não sou um MC punk, mas sou quase; gosto bastante de criticar, mas também gosto de dar opinião. O punk vai mais direto, critica mais. Fala mais grosso: é isso e aquilo! E dane-se! O rap não: ele fala mais das ruas, fala mais do street, fala-se mais do pessoal do skate. Une-se a poesia com os argumentos. A primeira música que eu fiz, eu me lembro; foi minha porta de entrada lá no Posse. Papo de skate, que vai estar na minha demo lá para o fim do ano.
Para começar a rima é fácil. Acontece um caso, eu tenho que falar desse caso. Eu li um livro, o Falcão Meninos do Tráfico. Eu vi lá a violência muito forte; eu resolvi usar o livro e resolvi colocar na minha rima, ritmologia. Mas para terminar? Eu acho que uma música nunca está terminada. A gente sempre fica dizendo: `eu posso melhorar esta rima aqui`. Gravei, mas isto não quer dizer nada; pode ser que eu mude alguma coisa, cantando no show e etcétera e tal. Às vezes eu tenho uma idéia e anoto; às vezes eu tenho um sonho, acordo, ligo a luz e escrevo no papel e no outro dia já começo a formular as letras, com a rima e vou sempre nesse sentido de fazer rima. Mesmo se for rock, eu estou sempre rimando.
A demo ia ser um disquinho de demonstração com seis músicas, mas eram tantas que a gente não queria deixar de fora, que vai ser com onze músicas. A gente está gravando no momento lá no QG dos Manos junto com PH, lá no Vergel. É um estúdio comercial, agora só se envolve com rap; só faz para o rap. O dono é o PH, Guerreiro da Sul. A gente se comunica mais pelo vulgo, pelo apelido mesmo. Geralmente se tem um, mas não digo que é uma regra. No skate mesmo, a galera gosta muito de botar apelido. Aí a gente se comunica mais pelo vulgo, começa a tirar uma onda. Existe uma ligação muito forte entre o rap e o skate. Eu comecei no rock e depois andei de skate e foi aí que eu conheci o rap através do skate, pois a rapaziada do skate curte bastante reage e rock, rap.
Um grupo em que todos são do Benedito Bentes é o ASU (somos eu e o Alan). Em outros grupos tem integrantes que moram aqui. O Ronaldo (vulgo Du Contra) que é do Luiz Pedro faz parte do Xeque Mate Popular e que também se apresenta como XMP. O Sulista é do Ação Real. Geralmente eu me comunico mais com o Du Contra: ele tem um ideal parecido com o meu; não é muito parecido, mas eu me reúno muito com ele; a gente está até na introdução de um cedezinho: Xeque Mate e ASU. O hip-hop lá no Benedito Bentes não é forte não.
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Lá gosta é de melô, reggae, forro sacana e um pouco de pagode. Forro sacana é aquele forró de duplo sentido. Tem até um nome. Cultismo. Forro sacana utiliza muito esse cultismo de jogo de palavra. Essas paradas aí, que eu não curto muito não.
Eu já tive a oportunidade de ser chamado para fora de Maceió, mas não foi através do rap; foi pelo rock. Existe rap no interior; existe sim. Em União dos Palmares tem a União de MC’S; existe também o Neurônios Subconscientes em São Miguel dos Campos. A melhor coisa que me aconteceu com o rap foi conhecer novas pessoas. Eu gosto bastante de conhecer novas pessoas. Conheci por exemplo o Paulo, que é o pioneiro do hip-hop, posso dizer que é o dinossauro do rap alagoano. Gosto de conhecer alguns lugares que são fora do Benedito Bentes, as periferias tipo Salvador Lira, D. Leão, Vilage Campestre, Vergel. Tem uma rapaziada muito forte lá no Vergel.
Publicada originalmente em: http://www.ojornal-al.com.br/ dia 30-08-09
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Lá gosta é de melô, reggae, forro sacana e um pouco de pagode. Forro sacana é aquele forró de duplo sentido. Tem até um nome. Cultismo. Forro sacana utiliza muito esse cultismo de jogo de palavra. Essas paradas aí, que eu não curto muito não.
Eu já tive a oportunidade de ser chamado para fora de Maceió, mas não foi através do rap; foi pelo rock. Existe rap no interior; existe sim. Em União dos Palmares tem a União de MC’S; existe também o Neurônios Subconscientes em São Miguel dos Campos. A melhor coisa que me aconteceu com o rap foi conhecer novas pessoas. Eu gosto bastante de conhecer novas pessoas. Conheci por exemplo o Paulo, que é o pioneiro do hip-hop, posso dizer que é o dinossauro do rap alagoano. Gosto de conhecer alguns lugares que são fora do Benedito Bentes, as periferias tipo Salvador Lira, D. Leão, Vilage Campestre, Vergel. Tem uma rapaziada muito forte lá no Vergel.
Publicada originalmente em: http://www.ojornal-al.com.br/ dia 30-08-09
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